A edição especial da revista Cidade Verde, que foi às bancas no dia 23 de outubro de 2011, destaca o Piauí e demonstra o quanto a auto-estima anda em alta. O conteúdo é um espelho do entusiasmo do empresário Jesus Filho por esse estado fascinante, que no último dia 19 de outubro comemorou 188 anos de vida. Aliás, as ações que emanam do grupo presidido por Jesus Filho estão sempre voltadas para a valorização da cultura e da memória do Piauí, resgatando fatos adormecidos e que são fundamentais para o entendimento histórico.
Ao abrir a revista, percebe-se o sentimento ufanista que domina os textos. São discussões de temas atuais e cativantes, com oportunidades abertas para a cultura, a história, a educação, a religião, o esporte, a sociedade e representações como a Ordem dos Advogados do Brasil e valorização do empresariado local. A revista é ainda recheada de belas fotos e propagandas profissionais de qualidade, que nada deixam a desejar a grandes veículos de comunicação.
Na edição em foco, chamou-me a atenção o “Artigo de Primeira”, página mantida pela alto-astral Jeane Melo. O título é atraente: “Tá quente hoje, hein?” – uma frase que comumente abre uma conversa, não resta dúvida. Para puxar um bom papo, basta falar do tempo: portas se abrirão, assuntos surgirão, crimes serão solucionados e a escalação do time preferido sairá na ponta da língua. O estalo para essa temática tão corriqueira, mas pouco explorada, saiu da cachola de Jeane Melo. A cada quinze dias ela nos brinda com um artigo de primeira, que invade as bancas para enaltecer um estado de delícias, que é o Piauí e sua gente. Quente? Não creio. Nosso calor é humano, porque ao calor físico já nos acostumamos.
Jeane chama a atenção para o sol que abraça o Piauí e que provoca as mais diversas reações. No campo ou na cidade, usa-se o sol para tirar proveito de boas oportunidades, não apenas a de puxar um bom papo, mas a de apreciar uma paisagem que do nascer ao anoitecer nos cativa pelo contraste das belas imagens de um céu eternizado por da Costa e Silva: “a minha terra é um céu, se há um céu sobre a terra”. Com jogos de frases e palavras oportunas, o texto de Jeane evolui de forma agradável e cativante. “Sorte de quem tiver o céu do Piauí sobre a cabeça”, diz ela.
Não há como negar que o sol é um trunfo piauiense. Vem dos antigos egípcios a adoração ao sol como deus único. Quando o ser humano não conseguia explicações para os fenômenos da natureza, atribuía a cada um deles uma divindade. O Deus-Sol imperou no Egito por muito tempo. Foi, aliás, a primeira manifestação para o monoteísmo que hoje domina grande parte da humanidade.
Fonte da vida, com movimentos harmônicos e permanentes, o sol leva 22 minutos e 6 segundos para atravessar o Piauí de leste a oeste, aquecendo as águas do norte e dando vida à agricultura do cerrado. O piauiense não tem do que se queixar, quando o assunto é calor. Suporta muitas privações. E não vai ser o astro-rei que haverá de o tirar do sério. Acostumou-se a ele e dele extrai a vida; um companheiro, é bem verdade. Por essas e outras é que o tema escolhido por Jeane Melo é oportuno e acertou na veia!
A revista Cidade Verde é, por assim dizer, um canal de acesso ao Piauí. De suas páginas saem informações preciosas, não apenas as que estão em destaque na mídia, mas também as que levam à reflexão e à compreensão de assuntos que proporcionam ao Piauí a imagem de suas verdadeiras virtudes.
Jeane Melo fez um texto agradável, que é a cara do projeto Cidade Verde. Ela, por sinal, não apenas transfere para o papel o que o momento silencioso do escritor manifesta, mas a própria iluminação que lhe é inerente. Como Jeane homenageia o sol e as quebradas que os seus raios alcançam, eu encerraria dizendo que ela esqueceu um detalhe singular: o alto-astral e o brilho do seu entusiasmo pelo Piauí fazem dela uma legítima filha do sol do Equador.