Com extraordinária lucidez e intensa atividade intelectual, M. Paulo
Nunes acaba de ingressar no seleto clube dos nonagenários lúcidos e
produtivos. Nem um câncer de próstata foi capaz de derrotá-lo. Paulo
continua apreciando boa literatura, vinho encorpado, café forte e
mulheres bonitas, indiscutível prova de sabedoria. Não perdeu a
capacidade de indignar-se com as injustiças do mundo, mas acredita no
diálogo como meio mais eficaz de resolver conflitos.
Vez que outra, mestre Paulo afirma não saber exatamente por que
voltou para Teresina após aposentar-se em Brasília. Os piauienses
sabemos: voltou para,com sua inteligência e capacidade de trabalho,
animar a cena cultural piauiense. Durante sua curtíssima gestão à frente
da Secretaria de Cultura do Piauí, no final do governo de Lucídio Portela
(82/83), deixou sua marca como administrador competente. Entre outras
realizações, editou dois números da Revista Presença e, em parceria com a
Livraria Corisco, publicou dois grandes poetas piauienses: Da Costa e Silva
(Antologia Poética)e Clóvis Moura (Argila da Memória). Por oportuno, vale
ressaltar que foi a primeira vez que o mais festejado poeta piauiense foi
editado entre nós.
Ao longo desses anos, Paulo Nunes escreveu um punhado de livros,
dirigiu a Academia Piauiense de Letras e reestruturou o Conselho Estadual
de Cultura do Piauí, que ainda preside, dotando-o de uma bela sede: o
Centro Cultura da Vermelha,que leva o seu nome.
Seria exaustivo enumerar aqui a contribuição de M. Paulo Nunes
para a cultura piauiense. Trata-se de uma vida inteira dedicada à
literatura e à educação. Em recente obra publicada pela EDUFPI – Em
busca da geração perdida - a professora Vanessa Negreiros afirma: “Para
começar, toma-se como aspecto diferencial das atuações do escritor o
seu espírito de liderança. Manoel Paulo Nunes esteve na linha de frente
de praticamente tudo de que participou. Essa característica somada ao
que o próprio escritor considera suas duas paixões, a literatura e a
educação, fizeram com que, desde muito jovem,Manoel Paulo Nunes se
tornasse figura de destaque nos meios socioculturais não somente da
capital piauiense,mas também de outras cidades e estados do país”.
Como membro do Conselho Estadual de Cultura, tenho a honra de
conviver com o mestre Paulo com quem aprendo diariamente. Sem
rodeios, posso testificar: Manoel Paulo Nunes é um paradigma de servidor
público e um cidadão que dignifica a palavra amizade.