Com incômoda frequência, perguntam-me por que não escrevo sobre política. A resposta mais prática seria: porque não quero. Não seria, contudo, a mais honesta. Não escrevo sobre política pelas mesmas razões por que não escrevo sobre física quântica ou medicina ortomolelucar: desconhecimento do assunto. Não bastasse isso, a imprensa brasileira dedica 70% do seu espaço a mentidos e desmentidos de políticos de todos os matizes ideológicos. Os chamados “analistas políticos” se repetem ad nauseam, tentando explicar o escândalo do dia e suas implicações na vida do contribuinte. Millôr tinha razão: “No Brasil pode faltar tudo, menos enredo”. No horário eleitoral, chovem denúncias, acusações, ameaças e promessas vãs. Sempre que vejo os tais “debates” entre candidatos me vem à mente uma das histórias do poeta H. Dobal. Certa feita, o poeta perguntou a um humilde faxineiro do Ministério da Fazenda o que ele achava da política. Sem titubear, o cidadão respondeu: “Doutô, política é só prevecidade e sabatoge”. Nem Maquiavel responderia melhor.
Hoje, por razões que nem eu mesmo sei explicar, resolvi mexer nesse vespeiro onde sobram ferroadas até para os mortos. Na verdade, quero apenas expressar a minha perplexidade diante da pasmaceira que vem marcando a campanha política deste ano. As perguntas que me faço são: onde estão os manifestantes que, literalmente, eletrizaram o país em junho do ano passado? Voltaram às baladas? Desligaram os dispositivos móveis? Voltaram a kakarejar no facebook? Em que nicho se esconde a decantada imprensa Ninja? O que é feito dos temidos black blocks? Está tudo sossegado demais para o meu gosto.
No auge das manifestações de junho de 2013, ouvi de um sociólogo respeitável um comentário que soou como a trombeta do anjo vingador: “O gigante acordou! Inaugura-se, neste momento, uma nova fase na vida política da República. Desde a campanha das ‘diretas já’, não se via nada tão animador em nosso país. Os partidos políticos perderam a representatividade; a imprensa comprometida com o sistema capitalista perdeu credibilidade; o Brasil nunca mais será o mesmo”. Terminou sua peroração com os olhos marejados. O cidadão estava visivelmente emocionado. Sem argumentos para contestar o enfático discurso daquele corifeu da revolução em curso, limitei-me a pensar: eis um romântico empedernido. Uma semana depois, enquanto os bombeiros tentavam apagar o rescaldo do último incêndio, a mídia denunciava o uso de jatinhos da FAB pelos presidentes da Câmara e do Senado para fins “não republicanos”.
Irmão e irmãzinhas, sem querer ser pessimista, eu lhes asseguro: abertas as urnas, veremos as mesmas velhas caras enxovalhadas, caras que frequentam regularmente as páginas policiais, ditando as regras do jogo. Tom Jobim estava certo: “O Brasil não é para amadores