É inegável o esforço empreendido pela prefeitura de Teresina com o objetivo de embelezar a cidade para as festas de Natal. Ferro, madeira, plástico, luzes em profusão. Quanto aos resultados, alguns aplaudem; outras criticam, mas o clima é de celebração e tudo acabará em paz.
Sem querer estragar a festa de ninguém, permitam-me tratar de um assunto que, embora poucos percebam, diz respeito a todos nós: a saúde das árvores de Teresina. Não bastasse a fome da especulação imobiliária que vai abrindo cicatrizes na cobertura vegetal da cidade, não bastassem as podas (mutilações) que deformam ou matam as árvores , há uma praga que se alastra e vai minando a resistência de mangueiras, amendoeiras, tamarindeiros e do que mais encontrar pela frente: a erva-de-passarinho. Não é necessário ser botânico ou ecologista para perceber os estragos que os parasitas causam na vegetação da cidade. Na Praça do Marquês, para citar um exemplo, contei oito árvores mortas e mais umas duas ou três condenadas. Na Praça João Luiz Ferreira, as figueiras seculares estão com os dias contados; no Cemitério São José, duas figueiras não resistiram. Curiosamente, só a Secretaria do Meio Ambiente do município não percebe ou não se importa.
Há quase dez anos, chamei a atenção do, então, prefeito Firmino Filho para o problema. Ele limitou-se a me dizer que realmente não tinha percebido o problema. Mas que “adotaria as medidas cabíveis”. Firmino saiu e, agora, voltou e o problema só se agravou. Tenho conversado frequentemente com o secretário executivo da SEMAM sobre o assunto. Ele insiste em afirmar que está esperando um “equipamento adequado” para resolver o problema. Como não me limito a denunciar, procurei um profissional do ramo , o Chico da Motosserra . Ele me garantiu que, com uma equipe de dez pessoas, em menos de trinta dias, livrará as árvores dos espaços públicos de Teresina dos parasitas que lhes comprometem a saúde.
Não quero parecer implicante, mas o descaso dos teresinenses no trato com as árvores da cidade é algo inexplicável, uma vez que todos adoram o rótulo de Cidade Verde, como se isso bastasse para preservar o que ainda existe de verde.O poeta Dobal, que não morria de amores por Teresina, costumava afirmar: “Não seria preciso muito esforço para melhorar esta cidade medíocre. Bastaria preservar-lhe o verde”. Pena que ninguém tenha tempo nem paciência para ouvir os poetas. Particularmente, tenho razões para temer que, em curtíssimo espaço de tempo, me tomem por fantasioso. Afinal de contas, logo, logo a molecada há de pergunta: “Onde está o ‘verde exuberante’ de que fala o hino da cidade?” Nem poderei responder: “o gato comeu”. Como se sabe, gato não come verde. Como afirmei antes, não quero ser um desmancha- prazeres de plantão, mas estou triste, triste de não ter jeito, como diria outro Poeta, que ninguém leu.