Recebi um E-mail enviado por uma tal de Rede Militância Petista, com um texto intitulado “Dez teses pela candidatura de W. Dias à prefeitura de Teresina”. No primeiro parágrafo, a autora diz: “Minha análise não é a busca de combater as ideias contrárias a candidatura do Wellington Dias, mas de fundamentar a posição de quem acredita não em uma aventura, mas em candidatura competitiva e que fortaleça o PT depois da crise vivida em 2010, situação que isolou o partido no Governo Estadual”.
Mandei um E-mail de volta porque me senti no direito de me expressar, uma vez que faço parte da mala direta da Rede Petista. Espero que eles me ouçam, porque senão vou acabar fazendo mal juízo.
Quando li o título, meti o pé no freio. Não li as dez teses listadas. Não quero ler. Não sei quem é a autora, que assina Socorro Silva. Penso que seria melhor se os militantes da Rede estivessem listando o que o senador tem feito pelo Piauí, durante os seus poucos meses de mandato, do que ficar listando como seria quando prefeito. Acho triste a costura de acordos políticos com vistas a eleições, indicando um homem que mal sentou em uma cadeira do senado.
E sou amigo, admirador e eleitor de Wellington Dias. Pelo menos fui. E também admiro e sou eleitor de Firmino Filho, mas não me passa pela cabeça pedir ao Deputado que inicie conversações para voltar à cadeira que já foi sua, quando ele mal começou o mandato.
Mas, convenhamos, estão gastando muito mal o tempo pensando em cargos. Isso me dá a impressão de que nada mais fazem além disso. Não sou militante. Não gosto de radicalismos, muito menos partidários. O tempo em que eu acreditava em ideologia partidária passou. Vota-se em pessoas, na foto mais bonita e no discurso mais bem feito, ninados por marketeiros que procuram produzir um candidato que nada tem a ver com aquele que estará em ação. Não se vota mais em programas de partidos. Basta sair às ruas e perguntar: “qual a principal diretriz do partido tal?”. E siga-se à pergunta uma listagem dos inúmeros partidos inscritos no TRE.
Por isso, acho que o tempo deveria ser melhor utilizado para a divulgação de resultados, por exemplo. Precisamos de resultados. Eu, como membro da sociedade, cansei de ouvir planos e não ver resultados. Cansei de conviver com a insegurança, de me trancar em casa, de não passear nas ruas, de ter medo de ir ao centro da cidade num dia de domingo, de ver pedintes e flanelinhas, de sentir como são péssimos os serviços de saúde, de ver que há secretarias de governo que não têm combustível para trabalhar, uma má estrutura educacional, reclamações por salários indignos, déficit habitacional, falta de amor próprio circulando pelas ruas, sei lá o quê mais. O que vejo são os exemplos que nos chegam oficialmente de Brasília, falcatruas e roubos a olho nu mostrados ao mundo pelos homens do poder, políticos e governantes. Isso é que é triste. É contra isso que essas 10 teses deveriam versar. É a favor da retidão e da honestidade que a Rede Petista deveria estar se debatendo. É pela redução nas desigualdades sociais que deveriam berrar, para que ouvissem em Brasília. Essa teses, para mim, nada mais são do que falácias, falácias e falácias, que chegam a lembrar os discursos inflamados nos palcos em época de eleição, distantes da realidade bem à frente.
É evidente que um governador que deixou o cargo com expressiva aceitação popular teria que estar bem posicionado na cabeça do teresinense. Mas mal saem os números e há quem comece a especular, a passar a impressão de uma necessidade visceral pela perpetuidade do poder, ao invés de ajudar a exterminar o vírus da desonestidade que corrompe o país e nos tira a auto-estima - pelo menos a minha - e nos enche de vergonha. Mas esses conchavos, que já começam a costurar cedo demais, também são responsáveis pelas mudanças na temperatura das eleições. Como também faço parte do "povo" dos discursos, digo que o povo tem percebido esse jogo. Esqueçam isso. Chega de planos para a eleição seguinte. Como diria minha avó, "é melhor caçar o que fazer".
Em pleno mês de julho de 2011, discutir cadeira de prefeito em 2012 e governador em 2014, tenham dó! Cá de minha parte, senhoras e senhores militantes, isso só me lembra aquele tipo que almoça pensando no jantar. Haja gula! Aliás, a gula é hoje o maior pecado do PT.