Dois turistas que estiveram neste último final de semana de Julho, na praia de Atalaia, puderam presenciar verdadeiros transtornos para a vida dos proprietários de bares e restaurantes na orla.
O problema maior concentra-se aos domingos, quando dezenas de ônibus aportam na avenida litorânea, perturbando o trânsito de veículos e despejando na praia centenas dos chamados "farofeiros", vindos das mais diversas regiões do estado.
Provocou revolta dos presentes as agressões sofridas pelo proprietário do Bar Carlito's, que recebeu uma garrafada na cabeça e o seu filho teve cortes leves. Uns dizem que os agressores eram cearenses embriagados; outros que eram farofeiros em busca de mesa.
O problema é tão intenso que esses farofeiros despejam-se juntamente com lençóis que improvisam barracas para proteger do sol, caixas de isopor cheias de bebidas, sacos de farofas e inúmeras frutas que são descascadas na hora, perturbando a paisagem já tão fragilizada pelos ambulantes do dia-a-dia. Chegam embriagados, pois bebem desde o momento em que o ônibus deixa as suas cidades. Soma-se a isso os diversos carros com possantes decibéis de música desenfreada, desrespeitando a vida em sociedade e agredindo os ouvidos de quem procura o mínimo de sossego na praia mais importante do litoral piauiense.
O projeto Orla ainda está em fase de acabamento. Não há previsão de conclusão. A Secretaria de Turismo mandou técnicos para acompanharem a organização do litoral, nesse período de Julho, mas geralmente os problemas superam as soluções, deixando-os inertes diante de tantas contradições e detalhes inesperados.
Na verdade, os novos bares são pequenos para atender a demanda de Julho e os farofeiros não têm um lugar para se abrigarem. Ao tentarem ocupar os novos bares, criam um problema para o proprietário, que se vê impedido de atender ao turista que quer deixar dinheiro ao consumir os seus produtos. O farofeiro não tem o hábito de consumo, por isso alguns proprietários chegaram a cobrar até R$ 60,00 para a ocupação de uma de suas mesas.
Entra ano e sai ano e o nosso litoral não anda. A permanecer essa situação, os turistas estarão cada vez mais distantes, procurando praias mais seguras e com melhor atendimento.