Um dos maiores pecados do setor de serviços continua sendo o atendimento. Os profissionais que trabalham nessa área, em sua grande maioria, não estão preocupados em atender o cliente com a gentileza que seja capaz de conquistá-lo como um consumidor potencial – principal responsável pela composição salarial de uma empresa. Quando nos referimos a bares e restaurantes, o caso é ainda mais grave, porque o atendente vê-se diante de uma situação em que estará frente a frente com o cliente enquanto durar sua permanência no estabelecimento.
Acontecem situações inusitadas em diversos restaurantes da capital. Certo dia, por exemplo, um cliente demorou a ser atendido porque 3 ou 4 garçons concentravam-se em frente à televisão. Ao ser chamado à mesa, o proprietário (que já foi churrasqueiro) apenas se limitou a dizer que “esse pessoal não tem jeito mesmo”. Outro caso: o garçom deixou de atender à mesa porque estava sentado na mesa de um cliente, conhecido seu, conversando de forma bastante descontraída. Mais outro: o proprietário de um restaurante aborreceu-se com um cliente porque este reclamou que a cerveja não estava gelada. Poucos são os que, ao se verem diante de uma reclamação, agradeçam no sentido de aprender e melhorar os serviços seguindo a orientação do melhor profissional de marketing de um estabelecimento: o cliente.
Outro dia aconteceu um fato bastante curioso, com um garçom que trabalha em um restaurante de hotel. Fazia um calor medonho e Venâncio, um nome fictício para o nosso garçom, enfrentava o sol com uma camisa de manga comprida, gravata borboleta, paletó e um semblante visivelmente desesperado.
À beira da piscina os hóspedes relaxavam em longas conversas. Umas quatro ou cinco mesas animavam o ambiente, atendidas por Venâncio. Uns pediam cerveja, outros refrigerante, e outros os mais diversos tipos de drinks. Com a paciência de quem não pode trair os ensinamentos de sua profissão, Venâncio ia atendendo um a um, com seu passo lento, o olhar atento aos chamados dos clientes.
Já passava das quatro da tarde quando, para desespero de Venâncio, chega um grupo de 4 rapazes e 3 moças, todos de roupas de banho, como se viessem esperar a noite cair. Sentaram-se próximo à cascata, que se formava no centro da piscina, com as águas caindo de uma pequena e estreita laje de cimento. Venâncio se aproximou:
- Boa tarde! Em que posso servi-los?
A turma parece que não ouviu a pergunta do garçom. Tudo era conversa e risos naquela mesa. “Pois não?”, insistia Venâncio, com a mesma paciência, mas um verdadeiro furacão por dentro. Não agüentava mais o calor, a chateação e as horas se arrastando. De repente, um do grupo se voltou para Venâncio e disparou:
- O que tem para comer, além do garçom?
Todos riram, evidentemente. Em outra ocasião, com certeza Venâncio levaria na esportiva, não iria se chatear com uma brincadeira daquela. Mas com uma turma assim era demais! Foi aí que Venâncio deu o troco:
- Garçom não se come; se chupa!
Aí você pode imaginar o rolo que deu, naquela tarde que não acabava nunca!