O turismo é uma das atividades que mais cresce no mundo contemporâneo. É considerado o maior empregador mundial e representa 1 em cada 11 trabalhadores brasileiros economicamente ativos.
O Piauí ainda carece de dados estatísticos acerca da atividade turística, porque são muito esporádicas as pesquisas neste segmento da economia. Dados mais recentes indicam que mercados como Brasília, Fortaleza, São Luís, Belém e São Paulo são os maiores emissores de turistas para o Piauí, atraídos pelo delta do rio Parnaíba, pelos negócios e eventos de Teresina ou pelas descobertas arqueológicas da Serra da Capivara.
Nem sempre os municípios e o Estado podem atender às exigências do fluxo. No interior do Piauí há insuficiência na disponibilidade de leitos, pouca variedade nos cardápios, ausência de profissionais qualificados e de empresas receptivas, acessos difíceis e raras opções de passeios e entretenimento. Exceção se faça às estradas para o litoral e as que levam a diversos pontos litorâneos, que o governador Wellington Dias conseguiu deixá-las em excelene estado de conservação.
Para reverter as dificuldades é preciso iniciar pela organização da oferta, especialmente a modernização das estruturas executivas do setor público. É necessário, por exemplo, um levantamento completo do espaço turístico, para que se identifique os atrativos naturais e culturais, os acontecimentos programados, os equipamentos e serviços e a situação da infra-estrutura. Acrescentando-se uma análise de demanda a este procedimento, será possível avaliar o perfil da oferta local e de seus consumidores, elaborar um diagnóstico e definir estratégias, programas, projetos e atividades necessários à organização do produto turístico.
Os efeitos da desorganização turística no movimento de pessoas é drástico. A invasão de turistas a regiões praianas, por exemplo, pode levar à saturação do consumo e ao conseqüente desvio de rotas. É o que aconteceu com alguns mercados nordestinos, como Porto Seguro, na Bahia, ou Jeriquaquara, no Ceará, e o que vem acontecendo com o litoral do Piauí. Os turistas que se deixam atrair pela propaganda de nossas belezas, especialmente do delta, estão encontrando uma região completamente despreparada para o turismo, com serviços precários, equipamentos desestruturados e uma infra-estrutura ainda inadequada.
Apesar do folclore injusto em que o afogaram, o Piauí é um dos estados mais belos deste país. As suas potencialidades são tamanhas que os seus diferenciais empurram para longe a concorrência: o Piauí possui a maior concentração de sítios arqueológicos das três Américas e um dos três únicos deltas em mar aberto do mundo! O Piauí desponta no cenário turístico nacional com grande poder de competitividade. É necessário apenas que o planejamento ordenado da atividade leve ao profissionalismo exigido por um mercado cada vez mais rigoroso.
Turismo em Teresina
A necessidade de viajar parece estar renascendo nas pessoas, pelas mais diversas razões. O Piauí é um desses destinos que muita gente vem escolhendo para conhecer, basicamente por conta desses três motivos: compras, eventos e natureza.
O reflexo já pode ser sentido pela abertura de novos empreendimentos turísticos, pela construção de novos leitos, pelo aumento na ocupação hoteleira e pelos investimentos governamentais voltados para a melhoria das vias internas, do paisagismo e da informação.
Esse novo aspecto do desenvolvimento econômico e social de Teresina exige uma grande responsabilidade de empresários e dirigentes públicos. Os consumidores estão cada vez mais exigentes, deixando as empresas preocupadas com essa massa que gera os seus lucros. A EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo) juntou-se à ABIH e alterou, por exemplo, a sua matriz de classificação hoteleira, para nela incluir itens que elevem o padrão e a qualidade dos serviços prestados aos turistas. Hoje essa função está ligada ao Ministério do Turismo.
Hoje, é possível constatar que os teresinenses estão redirecionando as suas férias. No carnaval, os eventos estão garantindo a permanência do fluxo e atraindo turistas de regiões vizinhas, especialmente pela recuperação do carnaval de rua. Em períodos de baixa estação, mais propícios para o turismo de negócios e eventos, a cidade assiste a uma verdadeira maratona em busca de centros de convenções e auditórios.
Avaliando-se o fluxo de outros estados, o trecho que liga Belém a Fortaleza sempre foi de intensa movimentação rodoviária. Durante anos, turistas enfrentaram esse vai-e-vem em busca do sol alencarino ou do Círio de Nazaré. A cidade de Teresina, em meio a esse corredor que ainda movimenta um grande fluxo, servia de descanso para os que chegavam à noitinha e prosseguiam bem cedo da manhã. Uma rotina dessas, apesar de desafogar a hotelaria, não gerava muitos dividendos, e só contribuía para garantir a Teresina o estigma de “cidade do pernoite”.
Nem a falta de praias marítimas e do clima serrano foram capazes de evitar que Teresina fosse aos poucos descoberta pelo que de melhor possui: hospitalidade, vida noturna, boas opções de compras e espaço ideal para receber congressos e convenções. Há de se reconhecer que a cidade pouco se compara às movimentadas capitais nordestinas e seus estimulantes fluxos nacionais e internacionais, porque muito ainda há para ser feito.
Teresina não faz parte dos roteiros profissionais de turismo. A sua estrutura receptiva, embora em condições de competitividade com outras cidades vizinhas, não está na rota do turismo das grandes operadoras e das transportadoras turísticas rodoviárias. Falta uma política mais agressiva para incluir a cidade, e até o próprio Estado, nos pacotes profissionais, para induzir os empresários do setor a estabelecerem as suas tarifas e definirem o preço de um pacote a ser comercializado nos grandes centros emissores.
Pelo potencial de Teresina e pela excelente diversidade do produto turístico piauiense, o que há na verdade é a certeza de que em breve a realidade estará pronta para dar vida ao sonho dos que moram longe.