Tenho escutado estalidos de canários em nossas avenidas quase diariamente. Na João XXIII, na Kennedy, na Jóquei Clube, na Marechal Castelo Branco, na Boa Esperança e em vários percursos.
Todas as vezes em que tenho escutado esses canários estou dirigindo e, infelizmente, não posso parar para tentar vê-los. Evito até mesmo virar o rosto na direção de onde vêm seus trinados. Dirigir exige muita atenção e responsabilidade. Não quero correr riscos.
Agora, é uma tentação. É uma circunstância meio torturante. Ouvir estalidos tão risonhos e não poder parar e procurar ver esses belos pássaros verde-amarelos, que já foram o símbolo mais carinhoso da Seleção Brasileira de Futebol quando ela ainda não se transformara num bando de colonizados mentais, doido para se vender para o futebol europeu ou asiático. Naquela época, quando ela perdia, os atletas choravam, e cada torcedor brasileiro dizia: "Choramos por ti, canarinho!"
Gostaria de saber mais alguma coisa sobre o aparecimento desses canários em Teresina. São canários que se soltaram de gaiolas? Foram atraídos por nossa vegetação urbana? São bogas que os próprios donos soltaram? É difícil atinar com a resposta. Às vezes, penso que é uma falsa impressão de estalidos que tenho escutado, fruto talvez de minha mente, que tanto admira pássaros em geral. De todas as pessoas com quem tenho falado sobre esses canários tenho ouvido uma resposta negativa. Nada ouviram. Algumas, mais insensíveis, não entendem como é que fico querendo saber mais sobre tamanha "besteira".
Há momentos em que torço para crer que a resposta está na atratividade de nossa vegetação. Porém vejo que ela ainda é muito insignificante, e não sei se ela tem o alimento deles com suficiência.
Mas, se quisermos atrair os mais diferentes tipos de pássaros para Teresina, inclusive canários, tornando-a mais bonita e maviosa, a solução é plantarmos os mais diferentes tipos de árvores, principalmente frutíferas, combater a prisão e o comércio deles e eliminar o excesso de uma praga chamada pardal.
Só assim então, num futuro não muito distante, ao ouvir qualquer pássaro cantar e pensando na ave verde-amarela como um símbolo, poderemos dizer: "trabalhamos ecologicamente para ti, canarinho!"