Clarah Averbuck é escritora. Nasceu em Porto Alegre, em 1979. Mora em S. Paulo e trabalha como jornalista. É bonita e muito badalada no eixo Rio – S. Paulo, sobretudo depois que fizeram um filme baseado em textos que ela publicou na Internet.
Essa jovem escritora participa, com um conto intitulado Psycho, da antologia “25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira”, organizada por Luiz Ruffato (este um escritor ainda jovem e bastante conhecido também no meio cultural carioca e paulistano) e publicada pela Editora Record (Rio, 2004). O conto de Clarah Averbuck, por sinal, é o primeiro do livro, mas não faz jus ao título da coletânea. Já que, nessa narrativa, tudo é velho. Nela, não há nada que já não venha sendo feito há, pelo menos, 60 anos. Aliás, engano-me. Há uma novidade: os doze palavrões que a autora põe gratuitamente na boca da personagem central, uma vadia urbana que se ocupa em cobiçar e namorar um cara que já tem namorada.
Agora a reflexão que não quer calar é esta: como é que uma pessoa aceita participar de uma antologia que se propõe divulgar contos da nova literatura brasileira e faz uma narrativa caduca? É a ânsia de se promover? Talvez. Isso nos leva a refletir sobre a diferença entre fazer literatura no sudeste maravilha, principalmente Rio e São Paulo, e numa província distante como o Piauí. Temos escritoras excelentes, como a poetisa (lá no sudeste maravilha, eles, por puro esnobismo, dizem e escrevem “a poeta”) Isabel Vilhena, mas pouco conhecida até mesmo em Teresina. Enquanto isso, uma pirralha como essa Clara Averbuck, só porque caiu no gosto literário de cariocas e paulistas, só porque faz parte de uma panelinha literária qualquer, é apresentada como uma grande nova escritora, embora faça uma narrativa antiquada.
Cabe ainda refletir sobre o gigantesco trabalho de divulgação literária que precisa ser feito no Piauí, para mostrar os valores literários daqui. Esse trabalho começa pela leitura de nossos escritores. É necessário que cada piauiense alfabetizado se conscientize de que a nossa literatura tem escritores, inclusive do século XIX, que merecem ser lidos. A nossa mídia impressa e a de vídeo, juntamente com os governos estadual e municipal, podem fazer algo para incentivar essa leitura. É importante destacar ainda que os piauienses não devem ver a literatura que se faz no sudeste maravilha como muito superior à nossa. A grande diferença baseia-se no fato de que o que se escreve em Rio e S. Paulo está assentado numa grande diferença de desenvolvimento econômico, que nem sempre corresponde a desenvolvimento literário. Lá, 12 palavrões num texto literário soam como recurso estético; aqui, como grosseria.
W. Ramos