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Ingenuidade

                          Não poderia eu defender costumes licenciosos

                          Nem terçar armas  falsas em prol dos meus vícios.

                                                                         Ovídio ( 43 a.C. – 18 )

 

     Um burocrata do PT e um professor da UESPI organizaram uma antologia de “poemas” eróticos piauienses, chamada de Estas flores de lascivo arabesco. Esse título pomposo, retirado de um texto de Carlos Drummond de Andrade, ao qual os organizadores, por descaso ou por ignorância, não dão os devidos créditos, está, embora seja de Drummond, muito mais próximo da retórica parnaso-simbolista de 100 anos atrás do que daquilo que se concebe hoje como poesia. Além de atrasado no tempo, revela duas coisas. A primeira é a estreiteza criativa dos organizadores da antologia, que não lhes permitiu elaborar um título próprio. A segunda é a ingenuidade que vai se repetir em quase todos os textos do livro segundo a qual sexo só tem prazeres e delícias. Todo mundo sabe que sexo não é só isso, não. Sexo tem broxada, tem doenças, tem frustrações também... Ovídio e outros poetas Greco-romanos já sabiam disso e sobre isso, literariamente, escreveram há mais de dois mil anos.

     Essa apologia ingênua do sexo, que é uma das causas da disseminação das DSTs e da gravidez na adolescência, dois graves problemas sociais, ocorre também na introdução assinada pelo burocrata petista. Nela, expressões como “apetitosas maçãs”, “sabor afrodisíaco” e “gozar desvairadamente” se destacam como exemplos de verborragia. Não satisfeito, o burocrata ataca os poetas piauienses que não escreveram sobre sexo ou que o fizeram metaforicamente. Ora, é um absurdo se criticar poetas pelo que eles não escreveram. Mas, na verdade, vários autores piauienses, como H. Dobal,  Álvaro Pacheco e tantos outros, têm poemas eróticos. Se o burocrata não os conhece, ou, se os conhece e não os considera eróticos, ninguém tem culpa de sua ignorância, a não ser ele mesmo. Parece até que ele está procurando sexo altamente explícito e escancarado como se fosse um adolescente devasso. Coitado!

     Mas o livreco tem outra introdução. É assinada pelo professor da UESPI. Trata-se de um texto que se resume principalmente em citar autores clássicos. Na falta de conhecimento do erotismo na literatura piauiense e para simular erudição, nada melhor do que citar Platão, Aristófanes... Quanto exibicionismo vazio! A antologia é sobre poesia erótica piauiense, mas ele escreve sobre autores europeus. Trata-se de um bom exemplo de cabeça colonizada e voltada para o primeiro mundo.

     Agora, vamos aos poetas. Por coerência com a introdução do burocrata, vou comentá-los pelo que escreveram e também pelo que não escreveram. Os únicos poemas que têm algum valor estético são os do Adriano e o Destoca, da Keula. O melhor destino para o restante é o lixo. Os poemas do Adriano estão assentados nos ombros de gigantes. Sente-se na linguagem desse poeta a influência de Mário Faustino, de Ezra Pound, de Rilke, de Jorge de Lima, autores que criaram uma das melhores vertentes poéticas do século XX. Além disso, ele não apela para o palavrão gratuito e inconseqüente. Mas está na hora de tu desceres dos ombros dos gigantes, Adriano, se não daqui a pouco teu estilo estará parecendo cópia disfarçada. O Destoca, da Keula,  além de seu caráter sugestivo em tão poucas palavras (usar o sexo como melhoral é tão difícil quanto fazer a destoca de um terreno), foge ao sentido ingênuo do sexo apenas como delícia.

     No restante dos poetas, a temática pode ser resumida a dois sentidos: o sexo como delícia e como esculhambação. O que causa estranheza é que boa parte desses poetas são professores, inclusive os organizadores, profissionais de quem a sociedade espera um compromisso maior com a educação, com o empenho em conscientizar os jovens sobre as DSTs e a gravidez na adolescência, e não passar-lhes a idéia ingênua de que sexo é só maravilha. Triste da literatura em que grande parte de seus autores são professores querendo dar uma de polêmicos e revolucionários. Coitada!

     Nilsão, um dos poetas do livro, fica sabendo que quem escreve aqui não é um amigo teu, não! É um leitor exigente. Será que, depois de reler esse teu poema Triunfante, em que a “fêmea/ se sente honrada/ ao ser possuída/ por seu macho”, vais perceber que foste muito além de Castro Alves no convencimento? Castro Alves perde feio pra ti. E tu, Laerte, outro poeta do livreco, num mundo em que tanta gente está passando fome, tanta gente sofrendo de solidão e carência afetiva, tu, parecendo um burguês cheio de fastio, não te pejas de que a tua grande dúvida seja entre o desjejum e a cópula. A mulher, para ti, tem o mesmo valor de um desjejum? E tu, Chico Castro! “Ela queria fazer sabão” contigo, rapaz?! Tu achas que as pessoas que gostam de ler, mas não entendem muito de literatura nem vivem no meio das panelinhas artísticas vão achar que essa tua saboeira é poesia? Durvalino, é isso aí, cara! Continua imitando os autores clássicos dos séculos XVII e XVIII, como tu fizeste com esse poema Bocage, talvez assim tu aprendas a escrever poesia erótica. E tu, Açucarado Maranhão, outro convencido, com essa tal de Ferosa! Vocês, tu e ela, são mesmo do planeta Terra? Ou são deuses eróticos do universo? És um poeta que tem a coragem de usar o batido chavão “o mais feliz dos mortais”. É inacreditável que, hoje, alguém ainda tenha tão pouca criatividade para recorrer a frase tão brega e surrada.

     Para finalizar, resta a pergunta que não deve ser calada: quem pagou a publicação desse livreco? Foram os dois organizadores? Foram os poetas? Ou foi o povo do Piauí? O Estado, seja o país ou a província, existe para solucionar os gravíssimos problemas da educação, da saúde, da segurança, do saneamento básico e tantos outros, e não para financiar os delírios luxurientos de burocratas e de burgueses entediados.


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