À Procura da Estrela
Eu estava lendo um exemplar da 6ª edição de “A Estrela Sobe”, romance de Marques Rebelo, publicado pela José Olympio Editora, 1974, com uma bela capa de Eugênio Hirsch. Quando virei a página 105, me defrontei com a 108 seguida da 107. Pronto! Leitura interrompida! Além de duas páginas trocadas, faltava a 106. Isso foi no final de janeiro, ali pelo dia 27 ou 28.
No dia seguinte, às deis da manhã viajei, para Sete Cidades, com meu amigo Eneas Barros, o homem que tem o mapa do Piauí quase todo na cabeça. De lá, mandei uma mensagem de celular para uma grande amiga minha que trabalha no edifício Saraiva Center, onde se localiza a Biblioteca Abdias Neves, e pedi-lhe que examinasse se lá havia algum exemplar de “A Estrela Sobe”. Ela se zangou, por eu ter perguntado primeiro por um livro, e não por ela. Sua mensagem de volta foi um categórico não! Não iria procurar livro algum!
Mas meu amigo Eneas Barros, através de seu celular, enviou um e-mail para o nosso melhor amigo em Brasília, o Edmílson Caminha, contando-lhe meu problema e perguntando – lhe se não tinha dois exemplares de “A Estrela Sobe”. Caminha, o homem que mais parece uma biblioteca ambulante, respondeu, afirmando que só tinha um exemplar do livro de Marques Rebelo, mas iria tentar encontrar outro em algum sebo em Brasília.
Prosseguimos a viagem. Fomos ao litoral e voltamos pelas lagoas de Buriti dos Lopes e de Joaquim Pires, por Esperantina, Cabeceiras, Campo Maior e Altos. Durante esse percurso todo, o livro não me saía da cabeça. A vontade de retomar a leitura era imensa.
Quando chegamos a Teresina, decidi encontrá-lo de qualquer jeito. Fui à Biblioteca Cromwell Carvalho. Lá, além de não ter o livro, sequer tem um catálogo com as obras constantes do acervo. Que indigência cultural! É triste!
Fui, em seguida, às bancas de livro usado na Praça do Fripisa, bem em frente à Cromwell Carvalho. Uma jovem me abordou:
__ Comprar livro, senhor?
__ Sim, preciso muito de um livro.
__ Qual livro, senhor?
__ A Estrela Sobe; é um paradidático.
Ela entrou na banca, examinou, e nada:
__ Infelizmente, não temos senhor.
Procurei em mais algumas bancas, e nada. Foi então que me lembrei da Biblioteca Jornalista Carlos Castelo Branco, da UFPI. Me mandei pra lá, certo de que finalmente iria encontrar o livro. Ao chegar, acessei um terminal de computador, e a decepção foi grande. Além de não ter “A Estrela Sobe”, não há nenhum livro de Marques Rebelo na principal biblioteca da UFPI.
Voltei para o centro da cidade e, por pura teimosia bibliófila, me dirigi à Biblioteca Abdias Neves. Nesta, enfim, e para grata surpresa minha, encontrei dois exemplares de “A Estrela Sobe”. Peguei um emprestado e fui correndo para casa, onde encontrei uma encomenda expressa enviada de Brasília por meu amigo Edmílson Caminha. Dentro, duas preciosidades: um exemplar de “A Estrela Sobe” e um postal do quadro “A Origem do Mundo”, de Gustave Coubert. Claro que continuei a leitura no livro mandado por meu amigo e retomei o triste percurso de Leniza Maier, figura bem representativa da era do rádio e uma grande personagem da literatura brasileira
W. Ramos