Um Violino, um Violão
“O Violino” é um conto de Luiz Vilela, famoso escritor mineiro. “Apenas um violão” é uma novela de Bernardo Élis, escritor goiano, autor do clássico “O Tronco”, grande romance já adaptado para o cinema.
No texto de Luiz Vilela, temos a relação entre um menino, um violino e uma tia. O violino é redescoberto no porão da casa pelo menino que o leva até Lázara, sua tia. É muito surpreendente ver o quanto de emoção, de redescoberta emotiva aflora nessa personagem feminina ao rever esse instrumento musical. Ela vivia afastada da música, dedicando-se, meio triste e solitária, apenas à sua máquina de costura.
Ora, o ato de costurar, afora sua enorme importância social, relaciona-se também com o ato de cingir, de prender, de cercear. Era assim que vivia Lázara, cingida pela costura e sufocando sua habilidade artística. Na juventude, ela tocava violino; mas deixara-o por algum motivo. A família gostava mais que ela continuasse assim, costurando e afastada da música...
E o restante da história? Bem, caro leitor, agora cabe a ti procurar o conto de Luiz Vilela e lê-lo integralmente.
Já o texto de Bernardo Élis, que não é telenovela, mas uma novela literária, tem seu enredo situado na cidade de Goiás, antiga e ex-capital do Estado de Goiás. A época retratada são os anos 30 do século XX em plena Ditadura Vargas. A narrativa constitui-se de nove partes mais um epílogo. É uma estrutura muito interessante, com destaque para uma parte intitulada Aprendendo a Nadar, que leva o leitor a dar boas gargalhadas, e o Epílogo cuja simbologia, além de justificar o título da novela, nos leva a reflexões sobre o começo e o fim das coisas.
Convém ainda destacar que “Apenas um violão” é uma novela em que encontramos um pouco de história da mudança de capital de Goiás, um pouco de música, um pouco de infância e velhice, além de arrogância, exibicionismo e subserviência com interesses mesquinhos.
Enfim, seja O Violino ou Apenas um violão, temos dois textos de literatura brasileira cuja leitura pode ensinar, divertir, emocionar e nos levar a reflexões sobre a vida. Vale muito a leitura de ambos.
W Ramos