Keula Araújo lançou, há uns dois meses, Terreiros, livro de poesia editado pela Nova Aliança, casa publicadora daqui mesmo de Teresina.
Antes de ler esse livro, tive dois contatos com a autora: o primeiro, numa sala de aula da UFPI; o segundo, na livraria Nova Aliança. Depois disso, trocamos e-mails através dos quais tomei conhecimento de Terreiros, seu primeiro livro de poesia. Na penúltima mensagem eletrônica que lhe enviei, disse-lhe que iria comprar o livro dela, ler e escrever alguma coisa sobre o mesmo. Mas tudo com muita sinceridade, já que não sou muito chegado a elogios. Ela respondeu, dizendo que tudo bem, que com a crítica a gente aprende etc. Minha última mensagem para Keula foi a breve apreciação que fiz de seu livro e que vem logo abaixo. Só que, até agora, ela não me respondeu. Nossa troca de e-mails estava tão boa. Será que ela se zangou? Não sei, leitor. Leia o texto a seguir e julgue você mesmo se ele é motivo para zanga ou indiferença. Ah, sim! Aproveite e procure e leia também o livro de Keula.
Caríssima Keula:
Comprei e li seu livro. Não foi caro. Custou apenas R$ 12,00 lá na Nova Aliança. Li-o duas vezes completas com atenção. Depois o li esparsamente, a esmo, saltando e voltando páginas.
As observações que seguem são altamente subjetivas, mas são sinceras.
Em primeiro lugar, a capa. É belíssima, uma verdadeira obra de arte. Mas infelizmente nada tem a ver com o conteúdo do livro. Não se relaciona com nenhum dos poemas. É uma pena que uma fotografia tão bonita não seja pertinente com os textos.
Em segundo lugar, a citação de Camus. Também não se relaciona com os poemas. Pelo contrário, a eles se opõe, já que tem um certo significado meio suicida, enquanto os poemas se voltam mais para a vibração da vida, ora triste, ora com tesão.
Em terceiro lugar, a dedicatória. Muito extensa, para sete pessoas. É um exagero. Acredito que a dedicatória de um livro de poesia deva ser curta, sutil e, se possível, criativamente poética. Quer dedicar o livro a muitos amigos queridos? Faça-o manuscritamente, do próprio punho. Mas a dedicatória impressa de um livro de poemas deve ser concisa como um bom poema conciso.
Em quarto lugar, a pontuação. Na maioria dos textos, não há pontuação. Tudo bem! Pode ser um recurso legal, pois fica a critério do leitor colocá-la ou imaginá-la. Mas em alguns poemas em que você colocou uma ou outra vírgula ou parênteses, a coisa não ficou muito boa, não. Além disso, acho meio complicado usar parênteses em poesia. Cheira a explicitação.
Em quinto lugar, os melhores poemas de seu livro. Latinha de Costura e Destoca são, disparados, os dois melhores. O primeiro, inclusive, pode ser produzido para uma bela foto e dá uma bela capa. É um poema liricamente visual. Quanto ao segundo, vi nele uma comparação entre duas coisas enormemente difíceis: esquecer alguém usando outro alguém como melhoral e destocar um terreno para plantar uma roça. É pena que nesse poema haja um erro de ortografia: exorciza grafa-se com z e não com s.
Quanto aos outros poemas, a maioria é apenas aceitável; e uns dois ou três, como Jazigo, por exemplo, são tão aleatórios que pouco ou quase nada têm de poético.
É isso que penso de seu livro.
Com sinceridade
W. Ramos