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Artigo
BBB12, uma agressão à mediocridade
Um desserviço à sociedade. Assim, entendo o BBB. Diante de uma população analfabeta, ou quase analfabeta, portadora de um nível cultural abaixo da linha do Equador, a Globo deita e rola como se diz por aí. Passa a prevalecer, então, o interesse exclusivamente econômico.
Se for verdade que a audiência atingiu 40 pontos na semana passada, isso significa que mais ou menos 30 milhões de pessoas assistiram ao BBB. Prato cheio pra os anunciantes que miram o segmento-alvo C e D e E, como Fiat, Guaraná Antártica, OMO, cerveja Devassa e outros pesos pesados da economia. O jornalista Neumani, da Rádio Jovem PAN, fez umas contas e concluiu que - a cada paredão ao preço de R$ 0,30 - a Globo fatura R$ 8 milhões e 700 mil reais. Sendo assim, o faturamento global, sem qualquer pretensão a trocadilho, será de R$ 104.400.000,00, ou seja, R$ 8,7 milhões x 12 paredões. Sem computar a receita do item merchandising. Nada tenho contra o faturamento da Globo enquanto empresa privada, mas o risco reside na manipulação e na alienação das pessoas que se tornam, mais e mais, reféns da ignorância, da falta de perspectiva e do atraso.
A persistir este cenário de breu pela falta de disseminação da educação e da cultura, pressinto que a solução está cada dia mais distante ou, no mínimo, se dará no longuíssimo prazo. Enquanto o poder político abrigar representantes da mesma linha de montagem de Sarney, o Brasil será o último país da América do Sul a encaminhar soluções conseqüentes para esse crônico problema que afeta a maioria da nossa população.
No intervalo de uma programação, por exemplo, observa-se que, entre as pessoas entrevistadas sobre a próxima vítima do paredão, nenhum é professor, empresário, psicólogo ou escritor; ao contrário, os entrevistados pertencem aos extratos D, E, F, etc., entre os quais a vulnerabilidade à manipulação é muito mais acentuada. Ou choram na defesa do fulaninho da sua simpatia ou execram a sua vítima com termos proibidos para menores.
Enquanto o brasileiro se dispuser a perder horas e horas a fio na fila pra comprar o ingresso do seu time preferido, mas não se sentir motivado pra ir também às ruas reivindicar mais segurança pública, mais saúde e qualidade nas escolas, seremos um rabisco de país que só se vangloria de Pelé ou das bundas das mulatas, como se nossa dignidade e nossa emancipação dependessem das nádegas das meninas de Sargentelli.
Lamentavelmente, estamos condenados a ouvir preciosas entrevistas na televisão, como a do Sr. Antônio Conceição, treinador de um time de futebol que perdeu o jogo para o adversário: Pois é, meu caro repórte, as coisa nem sempre é como nóis quermos.
Quando o assunto é BBB, vejo muita gente querendo o fuzilamento de Pedro Bial. Acho um equívoco primário.
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