Cinema
Marion Cotillard vive operária em filme dos Dardenne
Aparentemente, os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne gostaram da ideia – e dos resultados financeiros – de trabalhar com atores profissionais, depois da experiência com Cécile de France em “O garoto de bicicleta” (2011). Desta vez, os diretores belgas, que até então usavam amadores em seus filmes, todos próximos da realidade social que exploravam, foram mais longe: “Deux jours, une nuit”, exibido na manhã desta terça-feira (20) no 67º Festival de Cannes, é protagonizado por Marion Cotillard, ganhadora do Oscar por “Piaf – Um hino ao amor” (2007). Hoje um estrela de cinema de renome internacional, que empresta o rosto a diversas grifes, aqui Marion surge na figura de Sandra, uma humilde funcionária de uma empresa que constrói tetos solares, ameaçada de perder o emprego. Casada com um cozinheiro de lanchonete e mãe de uma menina em idade escolar, ela tem apenas um fim de semana para convencer os 16 colegas de trabalho a desistirem de um bônus de mil euros oferecido pela companhia, caso contrário será dispensada. Um périplo que revela a precariedade e os medos da classe trabalhadora belga e, por que não, europeia.
Contra ela, para a dúvida sobre sua capacidade de continuar trabalhando: Sandra ainda se recupera de uma crise de depressão que a manteve longe do emprego. Diante da notícia de que seus chefes agendaram uma votação entre os seus colegas para escolherem pelo bônus a manutenção de sua vaga, ela demonstra instabilidade emocional e insegurança, apelando para medicamentos. O marido será seu único apoio no esforço de Sandra para salvar o emprego.
– Tentamos mostrar como a solidariedade que Sandra experimenta e o apoio do marido podem mudar a vida dessa mulher, a ponto de ela poder dizer no fim: “Eu lutei, estou feliz” – explicou Jean-Pierre Dardenne, por duas vezes ganhador, junto com o irmão, da Palma de Ouro (por “Rosetta”, em 1999, e “O filho”, em 2005), durante a coletiva de imprensa que se seguiu à projeção.
Marion conheceu os Dardenne durante as filmagens de “Ferrugem e osso” (2012), na Bélgica. Meses depois recebeu o convite dos diretores para fazer “Deux jours, une nuit”.
– Sabia que os filmes que fiz nos Estados Unidos me abririam portas para trabalhar com determinados tipos de cineastas, mas não poderia imaginar que acabaria filmando com os Dardenne. Eles não costumam trabalhar com atores como eu – confessou a atriz, que tem no currículo filmes como “Batman – O Cavaleiro das Trevas ressurge” (2012) e “A origem” (2010).
Fonte:
O Globo |