Parque Nacional Serra da Capivara
Atravessando o Estreito de Behring, o homem passou pela América do Norte, cruzou a América Central e permaneceu uma temporada no estado do Piauí. Aqui ele se estabeleceu, se multiplicou, deixou suas pinturas nas rochas, enterrou os seus mortos e abandonou inúmeros objetos que hoje se transformaram em valiosos achados arqueológicos. Outro pressuposto vem de cientistas que se desdobram dia e noite para provar que o homem mais antigo das três Américas viveu no Piauí, há 48 mil anos. Essa datação tem como base a análise do Carbono 14 encontrado nos restos de uma fogueira que teria sido feita pela mão humana, e não pela combustão natural. Um dos argumentos procura provar que, se fosse combustão natural, com certeza outros focos de incêndio deveriam ter sido encontrados na região.
Controvérsias à parte, a verdade é que a região da Serra da Capivara abriga o mais velho sítio arqueológico das Américas, com suas pinturas rupestres declaradas Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Criado pelo Decreto 83.548, de 5 de Junho de 1979, com 129.139 hectares de área, o Parque Nacional Serra da Capivara é o centro das atenções dos arqueólogos e estudiosos do mundo inteiro. Administrado pelo IBAMA, o parque possui pelo menos 500 sítios arqueológicos cadastrados e em estudo, cujos fósseis e objetos encontrados têm ajudado a esclarecer o povoamento das Américas. Diversas urnas funerárias (enterramentos indígenas) foram encontrados nos sítios dos desfiladeiros da Capivara, com datações que chegam a 4,5 mil anos. O parque está localizado a sudeste do Piauí, distante 534 quilômetros de Teresina.
As descobertas tomaram tamanha dimensão que em 1986 foi criada a Fundação Museu do Homem Americano – FUMDHAM, dirigida pela arqueóloga paulista Niède Guidon. A Fundação vem buscando novos vestígios, catalogando descobertas e enriquecendo o museu instalado na região. Urnas funerárias, fósseis de mastodontes, cavalos, lhamas, tigres dente-de-sabre, preguiças gigantes, tatus gigantes e fósseis humanos fazem parte de um sem-número de achados da Serra da Capivara, cujo passado traduz também a riqueza deixada pelas civilizações pré-históricas através de suas pinturas rupestres, que representam rituais de caça, animais de então, cenas de sexo e figuras humanas. A área do parque está contida em três municípios: São Raimundo Nonato, Coronel José Dias e São João do Piauí.
Principais sítios em estudo
Sítio do Boqueirão da Pedra Furada – o mais importante da serra, por ter sido o local onde foram feitas as datações mais antigas. Sítio do Meio – onde foram encontrados restos de cerâmicas pré-históricas de aproximadamente 12 mil anos. Sítio do Perna – onde foi encontrado soterrado um painel com inscrições. Toca do Rodrigues – sítio em estudo, onde estão sendo realizadas as escavações mais recentes. Toca do Antonião – onde foi encontrado o esqueleto de uma mulher, batizada de “Zazá”, datado de aproximadamente 12 mil anos.
O Carbono 14 e a idade dos fósseis
O teor de carbono radioativo, cujo símbolo é C14, determina a idade dos fósseis. Os seres vivos absorvem carbono da atmosfera, e quando morrem cessa essa absorção. A velocidade de desintegração do fóssil é baseada na perda do C14, cuja meia vida é de 5.730 anos. Assim, pela análise do C14 sabe-se a idade do fóssil, contada de acordo com a ilustração.
Tempo zero: morte do animal ou da planta. Após 5.730 anos, resta metade do C14. Após 11.460 anos, resta 1/4 do C14. Após 17.190 anos, resta 1/8 do C14. Após 22.920 anos, resta 1/16 do C14 Após 60.000 anos resta 1/1.000 do C14
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