O espetáculo sobre a vida, paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor, foi encenada pela 12ª vez no município de Valença do Piauí pela Cia de Teatro “Os desfraudadores” com o apoio irrestrito da Secretaria Municipal de Cultura que tem a frente um dos mais entusiasmados pesquisadores da nossa história cultural, professor Antônio José Mambenga, que enfrentando dificuldades várias vem mantendo o espetáculo para a graça dos valencianos que carecemos de mais atividades desse nível.
Valença já tem quase 250 anos e é muito conhecida pelo vasto acervo cultural que possui desde tempos muito remotos como os vestígios do homem pré-histórico nas paredes de cavernas e pedras nos diversos povoados como o “Buritizal”.
Esse ano o município assistiu mais uma vez ao espetáculo encenado por atores amadores do município sobre a vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. A peça começou com o batismo de Cristo por João Batista e teve como cenário o Riacho Caatinguinha, às margens do qual se formou a cidade de Valença.
Encenada nas principais ruas do centro a via sacra seguiu rumo à Matriz, passando pelo vasto acervo de casarões que não escondem a riqueza arquitetônica de há muitas décadas, tais como a da atual Câmara de Vereadores e da residência de Dona Socorrinha Veloso cuja restauração dá mostras de um novo comportamento iniciado recentemente pela historiadora Sonha Bomfim que com recursos próprios recuperou a fachada de uma das mais antigas residências de nossa cidade.
A Paixão de Cristo em nossa cidade pode não ser a maior e melhor de nosso país, mas envolve a cada um pelo ar nostálgico revelado por uma cidade de mais de 200 anos. Vivenciar esse espetáculo pelas ruas de Valença é poder viajar para um outro universo, marcado, sobretudo, pela história do município que começou tímido mas forte diante dos demais da região. Tão forte que gerou outros 13 formando uma microrregião, conhecida hoje como do Vale do Sambito, embora eu prefira chamar de Microrregião Valenciana ou Confederação Valenciana, como era conhecida até bem pouco tempo.
O historiador Antônio José Mambenga principal articulador do espetáculo tenta há muitos anos tirar a nossa cidade do isolamento cultural, pois está diariamente pesquisando sobre as nossas potencialidades culturais, relembrando valores como os deixado pelo saudoso Mestre Dezinho que se fosse vivo certamente teria confeccionado a cruz para o espetáculo, pois tinha um apego enorme por tudo que dizia respeito a nossa terra.
Que no próximo ano possamos rever o espetáculo com o mesmo olhar nostálgico, mas carregado de alegria por sermos partícipes dessa história que se faz a cada dia.