Após veiculação de denúncia no Diário do Povo, em 2009, prédio de “Maternidade Fantasma”, no município de Valença do Piauí será transformado em unidade do SESC/SENAC.
Há mais de 50 anos sem funcionar a Associação para a Maternidade e a Infância Chiquinha Nunes deixa um legado de incertezas e muita polêmica entre os moradores do município de Valença do Piauí, localizado a exatos 210km ao sul de Teresina. O que era para ser uma maternidade se tornou, talvez, num dos maiores desvios de verba pública destinada a entidades não governamentais da história do Piauí. A polêmica reacende justamente agora que Fundações e outras ONG’s estão sendo denunciadas e investigadas pelo Ministério Público Federal por terem desviado recursos públicos como os que foram destinados à Associação para a Maternidade e a Infância Chiquinha Nunes.
A maternidade chegou até receber, na década de 70, uma ambulância para o transporte de enfermos. O fato é que essa ambulância, fruto de uma emenda do deputado Severo Maria Eulálio, como informa um dos membros da família “Nunes” que reclama parte no prédio hoje doado para Fecomércio, Sr. Olavo Pereira, só rodou 439 km e esteve até bem pouco tempo no local em ruínas – hoje canteiro de obras do SESC, que em 120 dias promete concluir a reforma no prédio mantendo a fachada original para não ferir o disposto numa lei municipal que proíbe tal mudança em prédios antigos da cidade.
Ainda que o prédio da “Maternidade Fantasma” tenha recebido uma destinação digna de louvor, ficam ainda algumas perguntas: Para onde foram os recursos destinados à maternidade? Quem de fato se apropriou das verbas destinadas à manutenção da ONG Fantasma? Por que a ambulância ficou tanto tempo num prédio que jamais abriu as portas? E os remédios encontrados no interior da maternidade fantasma por um grupo de vereadores do município? Por que o Ministério Público Federal do Piauí até agora não investigou o possível desvio de recursos por parte dos membros que compõem a maternidade?
O SESC/SENAC em Valença chega num momento oportuno, pois a cidade carece de cursos profissionalizantes com a qualidade dos que são ofertados pelo grupo em todo o país. A construção da unidade poderá até extrair do centro da cidade um “tumor” que se alastrava a cada parede caída pelo descaso, mas certamente não extrairá o câncer que possivelmente se manifestou com os possíveis desvios de dinheiro público pela “maternidade fantasma”. Por isso da necessidade de intervenção do Ministério Público Federal. Se nada for constatado, ao menos tira o peso de consciência de muitos valencianos que até hoje se perguntam e alguns que até afirmam a chegada de recursos públicos da saúde para uma maternidade que nunca funcionou de fato, embora exista de direito.
A unidade do SESC/SENAC em Valença poderá receber o nome do escritor valenciano Permínio Asfora, uma das figuras exponenciais da moderna literatura brasileira que ganhou projeção mundial. Seu primeiro livro Sapé – foi interditado pelo DIP – órgão censor da Ditadura Vargas. A indicação do nome do escritor foi pauta do Legislativo Municipal, em requerimento da vereadora Ceiça Dias (PSB), enviado pela Câmara ao Presidente da Fecomércio no Piauí, Dr. Valdeci Cavalcante. Caso seja aceito a vereadora tratará da vinda do acervo do escritor, Permínio Asfora, do Rio de Janeiro para o Piauí, uma vez que os primeiros contatos já foram feitos com a família do escritor.