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Do imaginário supérfluo à formação do leitor crítico

Se lermos a obra-prima de um homem

de gênio, sentiremos prazer ao descobrir nas

suas reflexões alegrias e tristezas que também

são as nossas, mas que estavam reprimidas ...

(Marcel Proust)

 

A escritora contemporânea Nélida Pinõn, autora, entre outros, de Vozes do Deserto (romance, 2004), afirmou que os brasileiros nos últimos anos tem comprado mais livros, não se sabe, porém, se tem lido na mesma proporção. O fato é que a sentença da autora vem apenas confirmar aquilo que mais envaidece a nossa gente – as estatísticas. Não importa se os livros saem de uma prateleira para outra, o desejo de possuir dos brasileiros endossado pelo marketing dos subliteratos principalmente, tem garantido o sucesso de best-seller’s como o Código da Vinci, Harry Potter, O doce veneno do escorpião, de Bruna Surfistinha, que já prepara, segundo a mídia, um novo livro.

Arthur Schopenhauer (1788 – 1860) adverte para quantidade e variedade de leituras. Em “A arte de escrever”, livro que reúne vários ensaios sobre a escrita e a leitura, Schopenhauer admite que “o meio mais seguro para não possuir nenhum pensamento próprio é pegar um livro nas mãos a cada minuto livre. Essa prática explica porque a erudição torna a maioria dos homens ainda mais pobres de espírito e simplórios do que já são por natureza, privando também seus escritos de todo e qualquer êxito”. Embora Schopenhauer critique a falta de um projeto de leitura, de um direcionamento; essa advertência já foi confundida por muitos leitores “impotenciais” como desalentadora. É bom que se frise, parafraseando o crítico piauiense Luiz Romero Lima, autor de “Por um leitor crítico” (Halley, 2004), não é lendo sobre tudo e qualquer coisa que se forma o leitor potencialmente crítico, de percepção argumentativa.

O doce veneno do escorpião, por exemplo, de Bruna Surfistinha, é mais um caso de best-seller da subliteratura que em nada acrescenta à nossa leitura. Isso se você não for um adepto incondicional do voyeurismo que passa horas revisitando as páginas de um Kama Sutra qualquer. Segundo Eliane Robert Moraes, professora de estética e literatura da PUC e autora de “Lições de Sade – Ensaios Sobre a Imaginação Libertina” (Editora Iluminuras), “o livro de Bruna Surfistinha e seus similares não são eróticos, porque a literatura erótica mobiliza a fantasia, o que não ocorre com esses diários de ex-prostitutas”.

O erotismo na literatura deve ser entendido antes como uma exaltação do gosto sensual, incluindo uma variedade de estilos, temas, imagens e motivações poéticas do que um estilo puramente comercial como querem as mentes mais tacanhas de ex-prostitutas em seus diários.

A verdadeira literatura erótica é capaz de despertar a libido e excitar o instinto de volúpia de seus leitores usando como recurso a transgressão. Não cabe a uma obra erótica ser necessariamente pornográfica, temos como exemplo de literatura erótica Os proibidos contos do Marquês de Sade, Minha Vida Secreta de Henry Spencer, As Flores do Mal de Charles Baudelaire, Salomé de Oscar Wilde (de quem estou lendo O retrato de Dorian Gray), além de Catulo e seus convites às mulheres de Lesbos. Dos escritores latino-americanos aqui destaco Pablo Neruda, Carlos Drummond de Andrade e seu Amor Natural, a descrição de corpos de Jorge Amado, a sátira de Gregório de Matos em seu cômico Pica-flor, Adélia Prado e seu inovador “Objeto de amor”, além do Cântico dos cânticos de Salomão na Bíblia; ou seja, é possível construir uma narrativa erótica sem transmutá-la em obscenidades ou pornografias latentes, a não ser que se queira atingir um público cuja sexualidade anda reprimida ou, no mínimo, vilipendiada.

O fato é que a ausência da leitura tem contribuído para disseminar o mau-gosto em quase todos os níveis, basta observar a decadência musical a que nos submetemos ultimamente. Antes tínhamos a agitadora “geração coca-cola” da Legião Urbana e sua contracultura latente, passamos pela geração “eguinha pocotó” pelo “pancadão” da Taty Quebra Barraco, nome não menos sugestivo para o (des)gosto musical. Que regressão, não acham?

Nada contra as cacofonias promovidas pelas “bandas de forró” (marido o seu vizinho quer comer meu “cuuuelinho”) e “suwingueiras” (Paula dentro, Paula fora), não fossem as boas músicas de Galvão Júnior, Vavá Ribeiro, Salgado Maranhão, para citar apenas dois do nosso Estado e um do vizinho.

As músicas de Vavá Ribeiro além de boa qualidade rítmica trazem um conteúdo bastante rico em imagens poéticas, contornada por uma voz inconfundível e suave aos nossos ouvidos. As de Salgado Maranhão interpretadas por ninguém menos que Alcione, Zizi Possi, Elba Ramalho, Zeca Baleiro, Ney Matogrosso, são exemplos de qualidade literária e musical. Já não posso afirmar o mesmo com a Quebra Barraco que a Globo levou os decadentes leitores impotenciais a ouvir.

A falta de leitura é bem mais perigosa do que se possa imaginar. Lacunas ficam expostas para que as influências de emissoras de tevê e rádio se apoderem desses espaços para a repercussão de seus grotescos produtos. Se o país fosse constituído de leitores potenciais as músicas mais repercutidas seriam certamente as de Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda, Luiz Gonzaga, Galvão Júnior, Vavá Ribeiro, Salgado Maranhão, entre outros que não caíram no supérfluo para fazer sucesso.

Ainda há tempo para contornar esta situação. O prazer do texto de Roland Barthes é uma boa recomendação para quem se candidata a leitor. Nesse livro o escritor francês revela a sobriedade da obra de arte e conduz o leitor ao universo crítico-argumentativo. O leitor, no entanto, é que tem que transformar a sua leitura num canal de desobstrução do supérfluo, jogando fora os “bestas de selas” na expressão popular e as mais tacanhas fonografias que a mídia enleva. E se algum de vocês tiver O doce veneno do escorpião ou um CD da Taty Quebra Barraco é bom começar a fazer isso logo.


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