Conhecido historicamente como uma das seis primeiras vilas do Estado do Piauí, o município de Valença é um campo fértil que brota cultura. Com um acervo material e imaterial dos mais singulares que vai de vestígios pré-históricos a vultos populares quase anônimos, a cidade vem despontando no cenário cultural do Piauí não só pela exuberância natural dos sítios arqueológicos que marcam a presença humana em tempos remotos, mas também pela coragem e determinação de um povo que reconhece as suas riquezas e aposta no potencial de seus rebentos.
Balneários, cachoeiras, formações rochosas e um centro histórico dos mais antigos do Estado são alguns atrativos que fazem de Valença um município singular. A História do Piauí sem Valença é uma história sem identidade, basta compreender que para a construção da memória desse Estado fatos marcantes ocorridos em Valença foram de fundamental importância para a história do Piauí. Um exemplo disso foi a passagem da Coluna Prestes pela cidade que fez com que milhares de valencianos se refugiassem num local que eles próprios denominaram de Deserto e até hoje é um “centro” de devoção popular.
A migração do povo valenciano para o “Deserto” – que, paradoxalmente, é uma terra fértil com um rio que corta a paisagem de belos arvoredos, foi motivada pela notícia da chegada dos “revoltosos”, pois era assim que imaginário popular conhecia a Coluna Prestes. Segundo consta, até mesmo a força policial e, principalmente ela, não quis esperar a marcha do movimento liderado por Luís Carlos Prestes que percorreu cerca de 25 mil quilômetros divulgando o ideal comunista. A déia que se passava por essas paragens era a de que os “revoltosos” formavam um “bando” semelhante ao de Lampião – figura mais que temida no nordeste brasileiro.
Com um potencial histórico riquíssimo o município sediou no último dia 9 outubro a 2ª Conferência Municipal de Cultura e a 1ª Intermunicipal do Estado com a participação dos municípios de Lagoa do Sítio, Novo Oriente e Pimenteiras.
Utilizando uma metodologia organizada pelo Ministério da Cultura foram trabalhados cinco eixos temáticos. A Conferência foi um espaço de debates para as organizações culturais dos municípios envolvidos que aproveitaram a ocasião para demonstrar suas potencialidades culturais.
Além dos debates e discussões que tiveram a participação da professora Dilma Andrade representante da Fundação Cultural do Piauí (FUNDAC) cada município utilizou o espaço da Conferência para mostrar um pouco de suas atividades culturais.
O município de Pimenteiras levou para o palco o músico João Gonçalves, um jovem cego que encantou o público cantando e tocando (em violão) o hino do município. Valença atraiu os participantes com uma exposição de charges, tirinhas, cartuns e caricaturas assinadas pelo artista plástico George Barros. A cidade de Lagoa do Sítio também levou para o palco um músico, o jovem Carlos Tenório, que cantou composições locais acompanhadas. O município de Novo Oriente expôs um de seus produtos artesanais de grande aceitação no mercado piauiense – a cajuína Dona Lourdes. Na seqüência ocorreu a eleição dos delegados que irão representar os municípios na etapa estadual em Teresina e, quem sabe, na nacional em Brasília.
Valença do Piauí foi pioneira na organização da Conferência Intermunicipal de Cultura. Segundo a coordenadora técnica da FUNDAC, professora Dilma Andrade, “Valença está sendo exemplo de organização nesse aspecto. A primeira cidade a sediar, no Piauí, uma Conferência Intermunicipal. O modelo será implantado em outros municípios” garantiu.