Autor de oito romances três dos quais premiados nacionalmente, Permínio Asfora está na lista de autores desconhecidos do público leitor piauiense. Nascido em Valença do Piauí no dia 12 de julho de 1913, dedicou-se a atividade jornalística e principalmente à literatura. Sua atuação como jornalista e como romancista sempre foi pontuada por muita polêmica.
Crítico mordaz do clientelismo que marcou grande parte da história do Brasil e ainda marca (com menor freqüência embora) sofreu o jornalista e o escritor a perseguição do Regime Militar implantado durante o primeiro governo Vargas. Sua obra de estréia, Sapé, foi interditada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) – órgão censor do Estado Novo em 1940.
Pela qualidade de suas publicações e pela crítica em torno delas sua carreira literária se sobressai em relação à atividade jornalística. Festejado pelos maiores nomes da literatura nacional Permínio Asfora é um autêntico romancista do nordeste como afirma Raquel de Queiroz em artigo publicado na União (RJ) em 1972: “Dificilmente poderá haver representação ou figura melhor de nordestino – uma espécie de nordestino padrão e típico – do que o romancista Permínio Asfora” e acrescenta “Creio que é hoje Permínio Asfora o mais significativo representante da tradição do “romance nordestino”, continuador da nobre linhagem literária de José Lins do Rego e de Graciliano Ramos”.
Seus romances apontam para as mazelas do corpo social brasileiro e destacam momentos significativos do nordeste. O Piauí e o Brasil vão ter a oportunidade de viver, em breve, um instante especial com a reedição de Noite Grande – romance cuja publicação primeira se deu em 1947.
O livro traz um panorama da paisagem e das gentes do Piauí e do nordeste de um modo geral, como ele próprio afirmou: “os meus personagens mais íntimos e queridos são os párias do nordeste”. Ambientado em Valença é o segundo de uma série do ciclo regional e conta a saga de um imigrante chegado pouco mais que menino ao interior do estado.
Sua atuação no campo é vista pelos coronéis como uma ameaça e por isso sofre perseguições e se envolve em conflitos. Praticamente uma biografia do pai, Sales Asfora, a quem é dedicado o livro. Noite Grande é o primeiro romance brasileiro a narrar uma briga de facas no interior do nordeste com maestria, talvez um dos momentos mais significativos da narrativa de Permínio.
O escritor piauiense faleceu no Rio de Janeiro em setembro de 2001 e de lá para cá seus filhos (Murilo, Lúcio e Vólia) tem tido a preocupação de manter viva a sua memória, para a graça dos leitores.
A reedição de Noite Grande terá a participação dos professores piauienses Luiz Romero e Kássio Gomes, além do artista plástico Amaral que cuidará do projeto artístico da capa do livro.