Não sou economista. Sou apenas um administrador de empresas curioso em assuntos de economia. Nem por isso, perdi a respiração quando ouvi parte do discurso da Presidente na quinta feira passada, dia 12 em Brasília, diante de uma platéia formada na maioria por jovens que assistiam à 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
A senhora Dilma disse que “um grande país não se mede pelo PIB, mas pelo cuidado com as criancinhas”. E arrematou: “Tratar bem as nossas criancinhas é cuidar do presente e do futuro”. Considero, no mínimo equivocada, pra não dizer contraditória e demagógica a fala da Presidente da República, além de ter escapado seu despreparo quando se trata de temas da maior saliência como esse, carregado de certa complexidade.
Não tenho parentesco com Herodes, o rei da Judéia, lembram dele? Aquele indivíduo que mandou matar as criancinhas de até dois anos. Por isso, queiro deixar claro que tanto a família, quanto a população e o estado têm obrigações com as crianças. E não nego que as crianças representam o presente e o futuro de qualquer nação. Chega de obviedades.
Voltando à questão inicial, o que é o PIB senão a soma de todas as riquezas produzidas, sendo por isso mesmo um parâmetro para a avaliação da economia de qualquer país, bem como um instrumento de medição da qualidade de vida dos seus habitantes? Em última instância, o PIB representa o nível de produção, de distribuição de renda, e a capacidade de gasto e investimento do governo pela via da arrecadação de impostos.
Com o discurso da Presidente, o governo contraditoriamente troca de posição o desempenho da nossa economia por ações sociais, como se estas não dependessem fundamentalmente do ritmo da economia e da capacidade de resposta do governo às demandas sociais.
Vejo aí uma inversão equivocada, nem por isso menos populista do governo. Se o PIB é um indicador desprezível, porque então as diversas renúncias fiscais do governo que passa dias e noites buscando formas para expandir o crédito, abrindo mão do IPI da linha branca, da indústria automobilística, de materiais de construção e da indústria moveleira? Certamente para estimular ou manter o nível do consumo e, por conseqüência, da produção e do emprego.
Não é sem explicação que o planeta perdeu o sono quando ouviu as projeções da OIT - Organização Internacional do Trabalho -, alertando que 22 milhões de pessoas vão bater perna pelas ruas da Europa em decorrência da crise que se instalou por lá desde 2011. Em maio deste ano, o desemprego na Espanha já atingiu 20% da população econômica ativa. Tanto a França quanto a Itália estão na fila quando o assunto é o mesmo. Os Estados Unidos ainda não conseguiram criar nove milhões de postos de trabalho para os desempregados da crise de 2008. Pra completar, o crescimento do PIB chinês de 2012 poderá ser próximo de zero.
Enquanto isso, às vésperas de um período eleitoral, a Presidente ocupa a tribuna da Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente pra inventar novos postulados de gestão pública, desconhecendo que o futuro das nossas crianças e do conjunto da sociedade certamente será sombrio caso o PIB brasileiro despenque como mostra o cenário desanimador das economias mundiais.
Minha saudosa mãe costumava dizer que brincadeira tem hora. Acredito nisso.